segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Alguma coisa chamada felicidade


A felicidade costumava me contagiar de uma forma incontrolável. Eu sabia ser feliz quando estava nesse estado (ou pelo menos achava isso). As vezes isso era tão transparente que tinha medo de minhas próprias ações impensadas no momento- porque quando estou muito feliz simplesmente não penso muito, apenas ajo de modo que não negue a ninguém como me sinto. Falo muito, ainda mais que o normal, como que expulsasse de minhas veias o excesso de alegria pulsante, numa tentativa eufórica de deixar minha pressão normal outra vez, como quando eu estou normal. Eu pulo, e sorrio descontroladamente, as vezes até bato palmas, simplesmente como se ao meu redor ninguém estivesse me olhando e rindo comigo, mas não pelo mesmo motivo que eu, sim de mim e da minha coragem súbita de exteriorizar tamanha felicidade, e daquele jeito, louco, digamos.
As vezes em casa, quando minha pressão arterial poderia ser verificada e marcar 12/8, ou menos, ela costuma ser normalmente baixa, encaro-me, "você estava louca? porque agiu daquela forma?". Antes, eu passaria o dia todo me perguntando a mesma coisa e depois jugando-me uma errada, de atos irracionais. Mas agora não, "ah! que importa se outros me olharam como se eu fosse uma nativa em um mundo ocidental capitalista naquela hora? eu estava feliz, e eu estava sendo eu, não estava fingindo alegria, nem querendo impressionar a ninguém (impressionar se fazendo de louca?! isso sim seria irracional)". Para mim eu estava certa, ou ninguém me disse que não até hoje, ninguém me corrigiu nesse aspecto. Então preferia pensar que eu sabia ser feliz, ou que eu tinha uma forma própria de dizer que estava assim, ou que simplesmente não tinha vergonha de demonstrar isso.

Mariana Xavier



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